O Grupo Delírio Cia de Teatro, de Curitiba (PR) trouxe à quarta noite do EnCena um espetáculo carregado de intenso sentimentos, heresia, humor rasgado, verborragia e reflexões profundas. Tudo isso ao mesmo tempo, gritado e declamado com a cara do poeta paranaense Paulo Leminski, que empresta o poema “Metamorfose – uma viagem pelo imaginário grego” para se tornar base da peça.
A prefeita Tina Toneti e o secretário de Gabinete Felippe Toneti prestigiaram à peça e foram citados no final pelo diretor do espetáculo Edson Bueno. "Aplausos para a prefeita, quem incentiva a Cultura merece", falou Bueno.
Os seis atores abusam e ousam em se despir (às vezes literalmente) perante o público, evocando as emoções mais primitivas e cabais, que integram e definem os seres humanos. Intercalando muitos momentos felizes de interatividade com a platéia (na dubiedade de ator/personagem) com o contar das histórias mitológicas, a peça segue em ritmo frenético.
Em uma das cenas de maior tensão, em que um dos atores se debate no chão e grita desesperado (destaque para o potencial vocal de Gabriel Manita), o público compreendeu a intensidade da atuação e aplaudiu antes mesmo do fim. Foi o quinto espetáculo do EnCena, o quinto em que a platéia aplaudiu de pé ao final.
A Mostra de Teatro de Jacarezinho é uma realização da Prefeitura Municipal de Jacarezinho em parceria com a UENP e apoio do SESC, CAT e NEAT. Produção é de Danilo Oliveira e Moisés Evangelista.
Confira o depoimento do ator da peça Tiago Luz, que faz o Minotauro, entre outros personagens. Depois da entrevista, Tiago disse “até o ano que vem com certeza”. O grupo Delírio é cliente cativo do EnCena.
“Mitologia é uma coisa que permanece até hoje. São os nossos arquétipos. Qualquer ser humano vai se identificar. É tão forte essa cultura dos gregos que todo mundo sabe um pouco de Édipo, todo mundo sabe o que é medusa. O espetáculo é amplo e universal por isso, sem contar a poesia do Leminski que deixa a coisa um pouco mais suja e menos didática.
Sobre a abertura que o espetáculo dá para o público, ele comenta. “O espaço para o imponderável e isso de certa forma deixa a gente muito vivo durante o espetáculo inteiro porque pode haver manifestações das mais diversas formas. Teve um cara que uma vez me parou no meio do espetáculo perguntando se eu que tinha feito a outra peça”.
Tiago fala também sobre a loucura da mitologia. “Leminski dizia que isso era um esgoto de mitos. O Metaformose era para ser um ensaio sobre a mitologia, acabou ganhando o Jaboti de melhor romance. Leminski começou a refletir sobre ele mesmo. Narciso se olhando no espelho das águas e se reconhecendo em todos os mitos.
O Panteon dos gregos explica os desejos dos seres humanos. Se eu tenho raiva, não sou eu que tenho raiva, é um deus que se apossou de mim. Então eu jogo isso para os deuses. Trago Dionísio para explicar porque eu bebi, porque eu fiquei louco”, conclui.
Ficha técnica
Direção: Edson Bueno
Cenografia e Adereços: Alfredo Gomes
Cenotécnica: Proscenium
Figurinos e Maquiagem: Áldice Lopes
Máscaras: Paulo Vinícius
Iluminação: Beto Bruel
Operação de Luz: Fernando Dourado
Operação de Som: Felipe Cavalcanti
Assessoria de Imprensa: Thiago Inácio
Direção de Produção: Edson Bueno e Thiago Inácio
Elenco: Tiago Luz, Guilherme Fernandes, Cesar Vieira, Gabriel Manita, Flavia Sabino e Patrícia Ciprian