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Publicado em: 23/08/2011 15:40 | Autor: Departamento de Comunicação / Alfredo Jorge / Rômulo Madureira

Como esperado, EnCena tem casa cheia no primeiro dia


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A noite de estreia da sétima edição do terceiro mais importante festival do Sul do país ficou lotada. Perto das 20h, não havia mais ingressos para o espetáculo “A Bilha Quebrada”, da Companhia Razões Inversas, de São Paulo. O público assistiu atento aos cerca de 90 minutos de duração da peça e aplaudiu de pé ao seu final.

Os atores agradeceram o acolhimento. “É uma felicidade para nós participar pela segunda vez desta Mostra. É muito bonito ver como o teatro acontece nesta cidade”. O mesmo grupo já participou no ano passado com o espetáculo “Agreste”.

A peça apresentada ontem é uma adaptação de um texto do dramaturgo alemão Heinrich Von Kleist. Ambientada em um vilarejo holandês, o enredo trata da corrupção no poder judiciário. “Não posso me gabar de ter sido um homem instruído, mas o que eu digo para o meu povo faz sentido”, dizia o juiz em tom ameaçador.

A paz do juiz responsável pela comarca acaba quando ele recebe a visita de um juiz corregedor, que acompanha seus trabalhos. E justo no dia em que o julgamento trata de um deslize dele próprio.

Na história, o juiz corrupto forja um documento em que o Ministério da Guerra convoca José Justo a servir na Guerra da Endochina. Tudo para coagir a donzela da trama, (apaixonada por José Justo) a prestar favores sexuais ao juiz. Em um destes episódios, o juiz é surpreendido dentro do quarto da dama e, ao fugir pela janela, quebra uma bilha – espécie de moringa – muito querida pela mãe da moça.

É aí que o Tribunal entra na história. A mãe da menina acusa o rapaz de ter quebrado o objeto valioso. As evidências, mais que claras desde o início, são expostas até que fica inevitável que o juiz seja apontado como o autor do delito. Tamanha a cara de pau do magistrado, que chega a acusar o próprio diabo de tê-la quebrado, para que a culpa depois decaísse sobre ele.

Com um texto elaborado e interpretações bem articuladas do elenco, a peça discorreu na noite de ontem de forma leve e engraçada, parecendo agradar ao público presente, que se alternava em risadas e silêncio. Apesar de se tratar de uma trama simples e sem suspense, os atores conseguiram valorizar cada minuto do espetáculo, dando vida aos diálogos inteligentes.

Histórico


“A Bilha Quebrada” teve sua estréia em São Paulo em maio de 93, permanecendo cinco meses em cartaz, quando recebeu três indicações para o prêmio Shell (direção, cenário e figurino),  principal premiação teatral no Brasil, além de uma indicação para o prêmio Mambembe (direção) e duas indicações para o prêmio APETESP (melhor espetáculo e cenário). Devido a seu sucesso voltou à cena em 1994, e representou o Brasil no Festival de Humor Constantin Tanasi, em setembro de 1994, na Romênia. Em 1995, o espetáculo, além de realizar turnê no interior de São Paulo, participou do XVIII Festival de Teatro de Expressão Ibérica, em O Porto, Portugal. Em 1996 o espetáculo cumpriu temporada no Teatro Hilton em São Paulo. Em 2011, a Cia Razões Inversas celebrando seus 21 anos decide remontar A Bilha Quebrada, com Paulo Marcello, Joca Andreazza e convidados.