A Prefeitura Municipal de Jacarezinho realizou na última terça-feira (26) o I Seminário Municipal de Avaliação do processo de inclusão escolar da pessoa com deficiência intelectual e múltipla da educação básica. Evento teve apoio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e aconteceu na sede da Ajadavi. Participaram 51 pessoas, entre professoras, professoras de educação especial e coordenadoras, além de pais de alunos chamados a dar sua contribuição expondo suas experiências e ponto de vista.
A prefeita Tina Toneti ressaltou a iniciativa de realizar um evento participativo reunindo todos os interessados em uma correta inclusão escolar. “É um processo delicado envolvendo crianças. Precisamos ser cuidadosos para que não ocorra qualquer equívoco. Nossa equipe da Secretaria de Educação tem trabalhado duro para oferecer um ensino humanizado a todas as pessoas com deficiência”, disse.
A secretária Municipal de Educação Laura Gomes Lemos do Amaral abriu os trabalhos no Seminário fazendo um relato sobre o intercâmbio realizado entre as entidades como a Ajadavi e APAE com a Prefeitura. “Já há um bom tempo conseguimos manter esta parceria bem sucedida. O município dá a subvenção a estas entidades, onde também há professores da rede municipal (capacitados para tal) que prestam serviços, tudo em um sistema integrado de troca de experiências. Nos cursos de especialização em educação especial, sempre convidamos as professoras das entidades e é recíproco, também frequentamos os cursos oferecidos pelas entidades. A convivência entre as partes tem surtido efeito na inclusão escolar, pois quanto mais preparados estivermos, mais harmoniosa será a ambientação do aluno na nova escola”, explicou.
De acordo com a coordenadora de educação especial do município Carmen Teixeira, o objetivo do encontro é avaliar a quantas anda este processo de inclusão escolar na cidade. “Preparamos um material embasado em parceria com a APAE, para que esta avaliação pudesse ser feita com maior fidelidade possível à realidade”, explicou. As profissionais da área foram divididas em mesas redondas, nas quais foram debatidos assuntos do cotidiano de sala de aula relacionados aos alunos que um dia estudaram na APAE e foram para as escolas comuns. “Depois dos pontos de debates levantados e questionários preenchidos, identificaremos as demandas de maneira a sabermos o que está bom e o que ainda precisa ser aprimorado”, finalizou a coordenadora. Os pais de alunos e os alunos foram ouvidos por outras profissionais em salas separadas. As respostas deles serão primordiais para quantificar e qualificar de que forma está sendo feita a inclusão escolar.
A coordenadora pedagógica da APAE Vilma Caldeira de Oliveira explicou que este evento inaugura a série de debates públicos a respeito do assunto. “Vejo o Seminário como medida essencial nas tomadas de decisão daqui para frente. Esse diálogo conjunto entre diretores, pais e, principalmente com as crianças é essencial”, conta. Vilma rememora um dos princípios centrais retirados do Congresso Europeu sobre Deficiência (realizado em 2003 na capital da Espanha, Madri). “Adotamos esta prática em qualquer decisão que vamos tomar. ‘Nada sobre as pessoas com deficiência sem as pessoas com deficiência’. Quem melhor que eles e seus familiares para saber o que é melhor?”, questiona. Vilma explica ainda que, ao buscar essa inclusão escolar, novo passo será dado em busca de uma inclusão social. “Fazemos um trabalho que lhe dê condições de ser um cidadão participativo em todas as áreas. Ratificamos sempre: não é o aluno que tem que se preparar para a inclusão e sim a escola que deve estar pronta. A inclusão começa quando o aluno chega”, finaliza.
Denilso Siqueira Martins, 30, está há 12 anos na APAE e aprovou o Seminário. “Passamos a manhã trocando ideias com os coordenadores, contando as coisas que precisávamos e as que já estavam boas. Foi bem proveitoso”, disse. Denilso, que trabalha de estagiário na Prefeitura Municipal, conta que o preconceito vem caindo a cada dia. “Não vou dizer que não há mais. Ainda há, mas não como era antigamente. De você ser realmente ofendido na rua. Aos poucos as pessoas vêm entendendo e respeitando melhor as diferenças”, comenta. Ele estuda na educação pública para Jovens e Adultos e contou no dia do Seminário sua experiência em sala de aula.
Mesma opinião de Davi Henrique Dias, de 22 anos (há 21 anos na APAE), que classifica como positiva esta interação, já que os maiores interessados são os próprios alunos. “Antigamente não havia esta abertura para que nos envolvêssemos, contássemos o que seria melhor para nosso aprendizado. Isso faz com que a inclusão seja cada vez mais tranqüila”, conclui.