A Bilha Quebrada
Na segunda-feira, a Companhia Razões Inversas trouxe um texto elaborado e interpretações bem articuladas do elenco. A peça discorreu de forma leve e engraçada, parecendo agradar ao público presente, que se alternava em risadas e silêncio. Apesar de se tratar de uma trama simples e sem suspense, os atores conseguiram valorizar cada minuto do espetáculo, dando vida aos diálogos inteligentes.
Murro em Ponta de Faca
Na terça, o resultado foi impressionante. Nas duas exibições, os atores puseram o teatro abaixo em apresentações viscerais sobre os anos de chumbo de nossa história. A Companhia de Teatro Espaço Cênico, de Curitiba, conseguiu impressionar quem esteve na arena do CAT nesta terça-feira. A tensão é tão extrema que um deles acaba com a vida. É Maria, personagem que existiu na vida real e se matou na década de 70 nos trilhos do metrô. O autor do texto, Augusto Boal a incluiu no espetáculo, agregando maior dramaticidade ainda à trama.
Tropeço
A única peça apresenta no período da tarde dentro do VII EnCena foi “Tropeço”, da Companhia Tato Criações Cênicas, de Curitiba. Os personagens (duas idosas) são criados a partir das mãos dos atores, proporcionando um ambiente de beleza e originalidade a quem assiste. Causa espanto como é possível dois membros serem transformados em cópias tão similares de rostos, conseguindo, pasmem, que até mesmo expressões “faciais” possam ser imaginadas/reconhecidas pelos espectadores.
Savana Glacial
O Grupo Físico de Teatro (RJ) emplacou no palco italiano do CAT com uma apresentação irretocável. Os quatro atores exibiram atuação inspirada e precisa, desafiando a platéia o tempo todo a tentar entender o que se passava. Mas o fato é que esta angústia da dúvida nem de longe distanciava o espectador do enredo de Savana. Pelo contrário, o atraía cada vez mais para procurar o fio da meada, detectar nas entrelinhas o que acontecia e logo depois pensar tudo ao contrário.
Metaformose Leminski
O Grupo Delírio Cia de Teatro, de Curitiba (PR) trouxe à quarta noite do EnCena um espetáculo carregado de intenso sentimentos, heresia, humor rasgado, verborragia e reflexões profundas. Tudo isso ao mesmo tempo, gritado e declamado com a cara do poeta paranaense Paulo Leminski, que empresta o poema “Metamorfose – uma viagem pelo imaginário grego” para se tornar base da peça. Diretor da peça, Edson Bueno, pediu uma salva de palmas para a Tina Toneti ao acabar. “Quem incentiva a cultura, merece”, falou.
O Capitão e a Sereia
A renomada Companhia Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), trouxe o palco do CAT uma “farsa tragico-naturalista com uma pitada de burlesca”, como eles próprios definiram. Quem viu, saiu maravilhado do CAT. Os quatro atores já começam a encenação do lado de fora do teatro, ainda no corredor. As cadeiras foram alocadas no próprio palco, dando mais proximidade e intimidade ao público. Abusando de recursos cênicos e confundindo a platéia, o elenco rasgou de humor, magia e imaginação o último dia de festival.