O VII EnCena chegou ao seu final na última sexta-feira. A renomada Companhia Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), trouxe o palco do CAT uma “farsa tragico-naturalista com uma pitada de burlesca”, como eles próprios definiram. Público foi tão grande na primeira sessão que os artistas se ofereceram para realizar uma sessão extra. Foi a terceira vez que isso aconteceu no festival.
Quem viu, saiu maravilhado do CAT. Os quatro atores já começam a encenação do lado de fora do teatro, ainda no corredor. As cadeiras foram alocadas no próprio palco, dando mais proximidade e intimidade ao público. Depois de uma breve introdução, o inesperado aconteceu. O elenco tirou seu figurino, ficando só com a roupa de baixo. Sérios, olharam para a platéia e, como um personagem dentro do personagem, explicaram: “Estes que vocês estão vendo são uma trupe de atores cujo comandante foi embora. Este tempo todo eles vão tentar vos enganar”, disseram. Mais que isso, o elenco chega a sugerir que o público vá embora, porque não há como encenar “O Capitão e a Sereia” sem o capitão, criando um silencia constrangedor entre a platéia.
Por alguns momentos, chegamos a acreditar que não haverá espetáculo. Mas os atores voltam ao papel de trupe e contam como o Capitão Marinho abandonou seus amigos porque queria conhecer o mar e que lá encontrou uma sereia. O decorrer do espetáculo é belíssimo, utilizando de muitos recursos que enriquecem cada cena. Além disso, os atores são ótimos músicos e todos os sons são feitos ao vivo, resultando em belíssimas canções. Em uma delas, todas as luzes são apagadas e o público curte no escuro aquele momento único.
O comentário depois da peça era de que a escolha deste espetáculo para o encerramento foi precisa para terminar em clima de harmonia a semana. No final da peça, quatro finais diferentes são contados, deixando o público com a sensação de “queria ver esta peça de novo”. De fato, alguns conseguiram e, pelo menos dez pessoas viram “O Capitão e a Sereia” duas vezes seguidas. A peça agradou tanto a acadêmica de Filosofia Lidiane Brugnari, que ela trocou sua predileta. “Antes eu tinha gostado mais de Savana. Mas depois de hoje, fico com O Capitão. Maravilhoso, espetacular, uma das melhores peças dos últimos tempos”, falou.
Um detalhe interessante é que estava na platéia uma das primeiras professoras do grupo. Homenageada pelos atores ao final da peça, Adelvani Néia é nascida em Jacarezinho e começou no Teatro em 1972 no CAT. Foi uma noite emocionante. Estou de passagem por Jacarezinho, só vim para este momento, para vê-los neste teatro, onde comecei com dez anos de idade, em 1972. A professora era a “tia” Cecília Chueiri, que tinha o clube dos Gatinhos. Fazíamos Dança, Teatro e Música. Fiquei de 72 a 81, quando fui para Curitiba”, falou. Confira o depoimento de Adelvani e de Lidiane nos dois áudios anexos.
Ficha Técnica:
Direção: Fernando Yamamoto
Assistente de Direção: Paula Queiroz
Texto Original: André Neves
Dramaturgia: Fernando Yamamoto e o grupo
Dramaturgo colaborador: Rafael Martins
Consultoria de dramaturgia e direção: Marcio Marciano
Cenografia e Figurino: Wanda Sgarbi
Assistente de Cenografia e Figurino: Shicó do Mamulengo, Alexandre Amaral e André Ferreira
Caracterização: Mona Magalhçaes
Direção Musical: Marco França
Preparação Corporal: Helder Vasconcelos
Preparação Corporal e Contact Improvisation: Sávio de Luna
Iluminação: Ronaldo Costa
Produção: Rafael Telles
Assistente de Produção: Zeca Luz
Elenco: Camille Carvalho, César Ferrario, Marco França, Renata Kaiser