A Prefeitura Municipal de Jacarezinho realizou mutirão durante todo o dia de ontem e manhã de hoje para coletar milhares de quilos de entulhos, móveis, roupas, objetos e lixo doméstico acumulados nas imediações do bairro Aeroporto, principalmente nas vilas Leão e Nossa Senhora das Graças, principais focos de Dengue da cidade. Foram cerca de 10 caminhões (cheios) carregados com este material retirados do local na tarde de ontem e mais dois hoje, totalizando cerca de 70 toneladas de lixo coletados.
A prefeita Tina Toneti coordenou o planejamento e a organização do mutirão e exaltou o trabalho de sua equipe. “A coleta de entulhos e lixo já vinha sendo feito periodicamente, mas nesta época mais crítica da Dengue no município, nos sentimos no dever de estender ainda mais os esforços e colocar todo o efetivo possível nas ruas para limpar a cidade. Estamos satisfeitos com o resultado e novos mutirões estão por vir”, comentou.
Os representantes de órgãos municipais foram unânimes no discurso de que esta ação conjunta só obterá resultado se a população cooperar e não jogar mais o lixo nas ruas e terrenos baldios. No início de janeiro, outros quatro caminhões de lixo foram retirados próximo à erosão e na semana seguinte, moradores da própria região foram flagrados descarregando carrinhos de mão de lixo no mesmo lugar.
“Mão na massa”
Participaram da força-tarefa 50 profissionais dos departamentos de Meio-ambiente, da Vigilância Sanitária e Ambiental, Secretaria de Conservação Urbana e da Saúde. Os servidores municipais se espalharam pelo bairro divididos entre o trabalho de coleta manual, retirada dos entulhos e lixo através das máquinas da Secretaria de Obras, conscientização dos moradores, estudo estratégico da situação e eliminação dos focos de larvas do mosquito.
O titular do Meio-ambiente, Leonardo Costa Santos, explicou que a decisão de reunir os esforços de todos os órgãos da gestão municipal partiu de uma reunião realizada na semana passada. “Na situação em que se encontra aquela região, somente através deste tipo de empreitada, conseguiremos vencer a proliferação do mosquito da Dengue”,
explicou. Acompanhado do diretor, os representantes municipais do meio ambiente também estavam presentes, colhendo informações, orientando e estudando alternativas para melhorar a qualidade de vida na região. Santos ratificou ainda de forma rígida a informação que vem sendo veiculada em todos os meios de comunicação. “Não adianta limpar essa centena de toneladas se os moradores continuarem jogando seu lixo em local indevido”, disse.
O coordenador de resíduos sólidos da Prefeitura, Manoel Pereira do Nascimento, declarou que os servidores municipais estão unidos neste mesmo propósito, de retirar essa “entulheira” e melhorar a qualidade de vida na região.
Enviados pelo secretário de conservação urbana Beto Rocha, funcionários da pasta manejavam máquinas escavadeiras e caminhões, no sentido de “varrer” o lixo das ruas e terrenos o mais rápido possível. Funcionário do setor, Joel Ramos calcula que os caminhões tenham carregado, em média, de cinco a seis mil toneladas em cada viagem. “O caminhão tem capacidade para carregar oito mil quilos. Todos eles saíram daqui cheios, então se fosse só entulho, daria esse número. O esquema é que tinha lixo doméstico e galhos de árvore misturados, o que diminui um pouco este peso”, explica. Por esta conta, na tarde de ontem, foram retirados aproximadamente 60 mil quilos e na manhã de hoje, os 12 mil restantes que totalizaram as cerca de 70 toneladas.
População conscientizada
Com poucas ressalvas, a maioria dos moradores aprovou o mutirão organizado pela Prefeitura Municipal. A dona de casa Aparecida de Oliveira, de 40 anos, é viúva e cuida de seis crianças, contando com a ajuda só da filha mais velha, de 19. “É um desespero isso aqui. Me dá um medo das crianças pegarem Dengue. Se estiver tudo sendo limpo, fico um pouco mais aliviada”, fala. O aposentado Martinho de Souza, de 66 anos, não tem medo de pegar Dengue, mas cuida dos pratos de seus vasos de planta para não arriscar os vizinhos. Apesar de reclamar da demora no início dos trabalhos, a comerciante Aparecida Rocha Pereira, de 37 anos, conta que a limpeza foi ótima na sua redondeza, já que possui um comércio. “A imediação limpa atrai minha clientela”, conta. Outra dona de casa, proprietária de um quintal limpo e bem cuidado, Daniele Matos Santos, de 19 anos, admite que já testemunhou vizinhos jogando lixo dentro de seu próprio gramado. “Aí temos que recolher e ensacar, vai fazer o quê. Falta consciência. Se a Prefeitura não recolhe, vira uma bola de neve e o lixo só vai acumulando”, diz. O lavrador aposentado Cecílio Rodrigues dos Santos, de 71 anos, até se surpreendeu com a limpeza ao redor de sua residência. “Olha, rapaz, acho que eu nunca vi isto aqui tão bonito”, relatou.
Permanentemente vigilantes
Todos os agentes da Vigilância Sanitária e Ambiental estavam presentes, coletando manualmente o lixo doméstico e objetos com possibilidade de acúmulo de água. O coordenador, Edemílson Gomes abordou diretamente o problema. “O período de chuvas está intercalado diariamente com o de sol, o que é propício para a proliferação do mosquito. O poder público está fazendo tudo o que pode, mas os moradores continuam irresponsáveis neste aspecto. É preciso assumir que passamos por um momento crítico e enfrentá-lo. Por isso estamos todo dia nas ruas combatendo a Dengue”, disse. Os funcionários permaneceram até o final da tarde de ontem matando mosquitos com as bombas costais. E o trabalho não para. Já na manhã de ontem, quarta-feira, o itinerário era a eliminação de focos no Jardim São Luiz e Vila Prestes.