Um grupo de 20 mulheres da região litoral norte catarinense esteve recentemente em Jacarezinho para uma visita técnica ao programa Comfibra. O objetivo delas foi conhecer pessoalmente a organização da associação e principalmente os quesitos qualidade e comercialização.
Segundo uma das organizadoras da comitiva, a técnica da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Terezinha Cechet Hartmann, dois aspectos do projeto jacarezinhense despertaram maior interesse. “A organização em forma de núcleos regionais e, principalmente, a qualidade das peças foram duas coisas que chamaram muito a atenção”. Segundo Terezinha na região de onde elas vieram existem 24 milhões de pés de banana e o projeto que existe desde 2001 serve, praticamente como o Comfibra, para ser uma fonte de emprego e renda às mulheres rurais.
Entre as vinte mulheres estavam técnicas, agricultoras e artesãs que irão repassar as informações obtidas para as outras cerca de 70 beneficiárias diretas do projeto nos municípios de Corupá, Jaraguá do Sul, São João do Itaperiú, São Francisco do Sul, Araguari, Joinville e Garuva.
Segundo a consultora do Sebrae para o Comfibra, Rubia Martoni, esta não é a primeira vez que o projeto recebe visitas técnicas. “A Fundação Casa (antiga FEBEM) de Marília - esteve conhecendo o trabalho e depois encaminhou multiplicadores para aprender noções básicas para repassar aos jovens. Ontem [17] o pessoal da Instituição Água Ativa também esteve conhecendo a Comfibra”. A associação não só recebe visitas como ministra cursos em outros estados. “Na semana de 6 a 11 deste mês, uma dupla de artesãs Comfibra esteve em Maracangalha (Ba) ministrando curso em taboa para um grupo de artesãos de um projeto do Sebrae Bahia”, informou a consultora.
Ela apontou também que o motivo do fator qualidade ser tão evidente nas peças da Comfibra devido a um controle interno. “O mercado é exigente por isso a empresa Comfibra precisa ser exigente. O controle de qualidade é realizado pelos próprios artesãos em cada um dos Centros de Artesanato e, finalmente, um último controle, por amostragem, realizado pelo escritório central, antes da certificação (colocação da etiqueta Comfibra) em cada produto. As peças que não passam pelo controle não podem ser vendidas - são descartadas ou refeitas”.
Centro de Artesanato Comfibra
Até o final de agosto estará pronto o novo Centro de Artesanato Comfibra. No local funcionará o escritório, show room, comissão de criação e design, centro de tratamento de fibra e local de reuniões e treinamentos.
Esta nova conquista sela mais uma vitória do projeto em que os associados, segundo Rúbia, são artesãos que tiveram suas realidades totalmente modificadas, do corte de cana para o tear, da vida doméstica, ou do desemprego, para a capacitação em design, da faxina na casa de família, ou do “bico” (trabalho informal esporádico), para o empreendedorismo, em um processo no qual se percebe vários benefícios. Atualmente, a grande maioria dos integrantes da Comfibra são mulheres que tiveram poucas oportunidades de avançar nos estudos, e, para as quais, o artesanato oferece mais do que o acréscimo mensal na renda familiar. O artesanato é fonte de reconhecimento, de ganhos sociais e humanos, que se refletem dentro do lar, no relacionamento com os filhos e com a comunidade.