Os restos mortais do príncipe Andrzej Lubomirski, sepultado em Jacarezinho há mais de 70 anos, voltaram para a Polônia, onde será realizado um funeral com honras de Estado no próximo dia 20 de janeiro.
O príncipe faleceu em Jacarezinho, no dia 22 de novembro de 1953, e foi sepultado no cemitério da cidade. Além de ser um importante membro da nobreza polaca e administrador de Przeworsk (cidade que fica no leste da Polônia), também ficou conhecido pelos poloneses como “promotor da indústria nacional”. Lubomirski usou parte do patrimônio da família para construir estradas, usinas e fábricas que fizeram da região uma das mais desenvolvidas da Polônia entre o final do século XIX e início do século XX. Ele também foi curador literário, ativista social, político, e lutou pela independência do país logo após a Primeira Guerra Mundial.
“O príncipe Lubomirski era um homem que todas as instituições queriam ter nas suas fileiras – fosse associação, fundação ou pequena instituição, porque se sabia que isso era uma garantia de apoio. Onde ele estivesse, todos poderiam ter certeza de que ele seria um verdadeiro defensor das questões levantadas. É a ele que devemos a fábrica de açúcar construída em 1895, bem como a ferrovia que liga Przeworsk a Dynów, concluída em 1904, que hoje torna nossa região famosa como um grande atrativo turístico”, enfatiza Małgorzata Wołoszyn, historiadora e curadora do museu Przeworsk. O museu está localizado no Palácio Lubomirski, onde o príncipe viveu até o final da Segunda Guerra Mundial.
No ano passado uma comissão foi criada na cidade Przeworsk com a intenção de oferecer ao príncipe um funeral com honras de Estado. Desde então, a equipe deu início aos preparativos para a cerimônia. Sem alardes os restos mortais do príncipe foram retirados do cemitério de Jacarezinho no final do ano passado e enviados ao país natal dele, numa operação que contou com o suporte do Consulado Polonês no Brasil.
A cerimônia terá início no dia 19, em Przeworsk com a exposição da urna com os restos mortais do príncipe e uma missa celebrada pelo arcebispo local. A cerimônia continua no dia seguinte, quando a urna será depositada na cripta da família Lubomirski, na Capela do Santo Sepulcro em Przeworsk.
Governo Polonês fará Homenagem ao Príncipe em Jacarezinho
Além das solenidades realizadas na Polônia no próximo fim de semana, também haverá uma celebração em homenagem ao príncipe em Jacarezinho. Segundo o prefeito Marcelo Palhares, o Consulado Polonês pretende colocar uma placa no túmulo onde Andrzej Lubomirski foi sepultado. “Estamos conversando com o Consulado para definirmos a melhor data para a cerimônia. A senhora cônsul geral da Polônia já nos comunicou da intenção de vir a Jacarezinho para participar das homenagens”, explicou. “É um privilégio. Ele era um homem a frente de seu tempo, um empreendedor muito respeitado em seu país, e que ajudou no desenvolvimento de seu povo. Ficamos honrados em saber que Jacarezinho fez parte da vida desse homem tão importante para o povo polonês, e vamos trabalhar para difundir sua história e preservar sua memória”, destaca o prefeito.
Nascido em Cracóvia no ano de 1862, Andrzej Lubomirski fugiu da Polônia em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Depois de passar pela Bélgica e pela França, chegou ao Brasil em setembro de 1952 em companhia do filho Jerzy Lubomirski. Pouco depois de desembarcar no Brasil, o príncipe veio para Jacarezinho, onde ficou sob os cuidados de Cecylia de Bourbon Duas Sicilias, que era casada com Dom Gabriel de Bourbon, ligado à família Imperial Brasileira. Cecylia era polonesa e sobrinha do príncipe Lubomirski.
Andrzej viveu menos de um ano em Jacarezinho. Ele morreu de causas naturais, aos 91 anos de idade. Durante todos esses anos, pouco se sabia a respeito do príncipe Lubomirski em Jacarezinho. Até que em 2019, o jornalista Fabiano Oliveira começou a pesquisar sobre ele e entrou em contato com o Museu de Przeworsk. “As autoridades polonesas sabiam que Andrzej havia morrido no Brasil. Porém, eles nunca tinham visto sequer uma foto do túmulo. Por isso, assim que enviei algumas fotos, vários jornais poloneses fizeram reportagens repercutindo o assunto e alguns familiares me procuraram para saber mais informações”, conta. “Confesso que não imaginava uma repercussão tão grande. Mas penso que o príncipe ficaria feliz em saber que finalmente seus os restos mortais descansarão em sua amada Polônia”, conclui.